A Ilha da Madeira, um paraíso situado no meio do Atlântico, é famosa pelas suas belezas naturais deslumbrantes, pela sua cultura rica e pelas suas tradições únicas. E, no que toca à celebração da Páscoa, esta ilha encantadora não dececiona. Desde os eventos religiosos aos rituais folclóricos e aos jogos em família e amigos, a Páscoa na Ilha da Madeira é uma experiência especial e cheia de história.
O significado religioso: Um tempo de reflexão e renovação
Para os madeirenses, a Páscoa é muito mais do que apenas ovos de chocolate e coelhos fofos. É um período de profunda reflexão e renovação espiritual. A maioria das celebrações está enraizada na fé católica, com eventos que começam após o Carnaval (na quarta-feira de cinzas, logo depois da terça-feira de Entrudo) e que culminam no Domingo de Páscoa. Este período entre a quarta-feira de cinzas e o Domingo de Páscoa, chama-se a Quaresma.
As igrejas da Ilha da Madeira desempenham um papel central nessas celebrações. Durante a Quaresma e com especial enfoque na Semana Santa, os fiéis participam em procissões solenes, recriando a jornada de Jesus Cristo até a sua crucificação e à ressurreição.
As ruas estreitas das cidades e vilas ganham vida com a música sacra, enquanto os fiéis carregam imagens religiosas em procissão, criando uma atmosfera reverente e comovente.
A Tradição dos Tapetes de Flores: Uma Expressão de Devoção e Arte
Uma das tradições mais notáveis da Páscoa na Ilha da Madeira é a elaboração de tapetes de flores, conhecidos como “muros” ou “murinhos”, que adornam as ruas em frente às igrejas. Esta prática única combina a habilidade artística e a devoção religiosa e o resultado são obras de arte efémeras e deslumbrantes.
Os tapetes de flores são meticulosamente criados com pétalas coloridas, folhas e outros elementos naturais, formando padrões intricados e imagens religiosas. As comunidades locais reúnem-se para trabalhar em conjunto, passando horas na preparação e montagem desses belos tapetes que serão pisados pelos participantes nas procissões religiosas.
As Delícias Gastronómicas da Páscoa: Um Banquete para os Sentidos
Assim como em muitas culturas ao redor do mundo, a Páscoa na Ilha da Madeira é uma época conhecida pelas deliciosas iguarias tradicionais. A herança culinária desta ilha traz aos dias de hoje a tradição de não se comer carne na Sexta-feira Santa (os antigos não comiam carne durante toda a Quaresma), e de comer cabrito assado no Domingo de Páscoa, em família, simbolizando o sacrifício de Cristo.
Nesta altura, o pão de Santana e o Inhame são iguarias muito apreciadas e muito tradicionais.
Os jogos entre famílias e amigos: a diversão que se vive antes da Páscoa
- Balamento
O Balamento é um jogo entre duas pessoas durante um período antes do Domingo de Páscoa (cada par combina entre que datas é que joga), onde, na primeira vez que se vê a outra pessoa, diz-se “Balamento!”. Normalmente, é uma vez por dia, mas podem jogar uma vez antes do meio-dia, e outra depois do meio-dia, ou se for em família, a primeira vez que se veem fora de casa, etc. Cada jogo é acordado antes de se começar a jogar e, no último dia, faz-se a contagem de quem ganhou mais vezes (ganha-se cada etapa sendo o primeiro a dizer “Balamento!”) e há um prémio associado, também previamente acordado (ex: um chocolate, um ovo de Páscoa, etc.).
- Espadinha (em algumas zonas chamado de “Bilhardeira”)
A espadinha é jogada sempre entre duas ou mais pessoas, sempre em número par, e sempre entre equipas. Consiste em atirar um pedaço de pau pequeno, designado por “catucho” ou “couto”, com outro pau maior e mais grosso, chamado “espadinha”.
Uma equipa bate com a espadinha no catucho e a equipa adversária tenta agarrar. Se agarrar, quem atirou perde e invertem-se os papéis. Se não agarrar, apanha o catucho do chão e tenta atirá-lo com a mão para junto de quem bateu com a espadinha, tentando acertar o mais próximo possível de uma cova feita no chão, chamada de “covinha” ou “pocinha”. Se conseguir acertar nessa cova ou ficar tão próxima que não exceda a medida da espadinha, ganha e invertem-se os papéis. Se ultrapassar mais que 1 medida da espadinha, atira novamente quem havia jogado, sendo que, consoante a distância que ficou o catucho da covinha (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ou 9x a medida da espadinha), terá de segurar o catucho consoante a medida obtida (ex: 1 medida – o catucho é segurado pelo meio com o indicador e o polegar, e com a espadinha atira-o; 3 medidas – o catucho é colocado sobre o punho fechado; se der mais que 9 medidas de distância, a equipa adversária ganha a partida).
- Pião
Jogo de duas ou mais pessoas, com várias variações: cuspidela, roda, cruz, etc.
- Pedrinhas
Jogo de duas ou mais pessoas, mas normalmente eram as meninas que jogavam.
5 pedrinhas que tentavam, com perícia, virá-las sobre a mão, tentanto ao máximo que não caíssem ao chão. Depois, atiravam uma ao ar, enquanto apanhavam uma do chão e tinham de conseguir a que foi atirada ao ar sem a deixar cair ao chão.
Conclusão: Uma Páscoa Inesquecível na Ilha da Madeira
A Páscoa na Ilha da Madeira é uma celebração verdadeiramente especial, que combina tradição, fé e alegria em igual medida. Dos eventos religiosos solenes às divertidas tradições entre famílias e amigos, há algo para todos nesta época do ano. Enquanto as ruas são adornadas com tapetes de flores deslumbrantes e o aroma de pratos tradicionais enche o ar, os visitantes são convidados a mergulhar na rica cultura deste destino encantador.
Se planeia passar esta época na Madeira, prepare-se para ser recebido de braços abertos pela calorosa hospitalidade dos madeirenses.
